Resumidamente, o que difere entre EBIT (1) e EBITDA (2) é que o primeiro leva em consideração para cálculo os efeitos das depreciações e amortizações, enquanto o segundo ignora esses dados. De maneira geral, os dois são excelentes indicadores, e quando utilizados de forma correta podem dizer muito sobre os resultados de uma empresa de forma bastante direta e objetiva.

Veja agora a importância dos investidores conhecerem os principais indicadores do negócio para fazerem o planejamento e o acompanhamento sistemático dos resultados de seus investimentos.

Como utilizar EBIT ou EBITDA

Como esses dois indicadores tem a finalidade de exprimir o lucro com relação às atividades operacionais de uma empresa, eles servem de base para muitos tipos de análises:

  • Como não é levada em consideração as despesas com impostos, já que a distinção entre as cargas tributárias não afeta o cálculo, utilizá-los é uma excelente forma de comparar o lucro e a eficiência de uma empresa no Brasil com empreendimentos de outros países;
  • É possível também desfiar a eficiência e a habilidade de produção das empresas, sem contudo, levar em consideração outras variáveis que podem estimular esses resultados. Para quem faz gestão orçamentária, é um grande diferencial;
  • Estudando o EBIT ou EBITDA das empresas ao longo dos anos, é possível compreender a evolução, ou não, da eficiência e capacidade produtiva entre cada um dos períodos analisados. Apesar das vantagens que trazem para a análise do panorama financeiro da empresa, ter como base apenas um desses indicadores para tomada de decisão, não é o aconselhável;
  • Ao não levar em conta o impacto de financiamentos, que podem ser muito altos em determinados setores, além de outros efeitos financeiros, os indicadores também possibilitam que as empresas façam comparações entre organizações de diferentes segmentos.

Agora vejamos um exemplo prático. Faça de conta que a empresa de peças automotivas esteja no melhor momento da sua capacidade de produção, o que, consequentemente, gera lucro e torna o EBIT ou o EBITDA positivo em determinado período. E isso é bom, não é?

Mas, essa mesma empresa contratou uma série de financiamentos ao longo dos últimos anos, fazendo com que suas despesas financeiras tenham se tornado maiores que as receitas, mesmo com o aumento no lucro. Desta forma, o EBIT ou EBITDA estariam positivos, promovendo uma falsa ideia sobre a efetiva liquidez, enquanto o DRE (3) demonstraria que, na verdade, há prejuízo líquido.

O inverso também é verdadeiro: o empreendimento pode ter um EBIT ou EBITDA negativo, mas apresentar uma geração de receitas significativa a partir de aplicações financeiras e, por isso, não expor prejuízo no DRE.

Por este motivo não é indicado analisar a situação financeira da empresa apenas a partir desses dois indicadores, pois eles não fornecem um panorama real sobre a liquidez do negócio. Porém, é importante não descartá-los, já que são úteis para a avaliação da eficiência e capacidade produtiva, sendo fundamentais para a tomada de decisão pelos gestores e investidores do empreendimento.

Como calcular o EBIT e EBITDA

Uma observação importante sobre esses indicadores é que até 2012 não existia padronização nos cálculos do EBIT e EBITDA. Cada um fazia sua análise desses indicadores a partir de cálculos próprios, o que dificultava tanto a avaliação como a comparação desses dados entre as empresas, ou seja, era uma zona.

Por conta disso, a CVM (Comissão de Valores Mobiliários) editou a Instrução nº 527/2012, que normatiza a divulgação voluntária de informações de natureza não contábil, como são identificados o EBIT e EBITDA, estabelecendo uma série de parâmetros para uniformizar os dados utilizados nos cálculos dos 2 indicadores.

Tanto o EBIT como o EBITDA podem ser calculados a partir das informações disponíveis no DRE. Por isso, mesmo que a empresa não divulgue esses cálculos, é comum que analistas e investidores tracem os indicadores para avaliar a capacidade produtiva do empreendimento antes de investir.

O primeiro passo para calcular o EBIT e o EBITDA é o mesmo: chegar ao lucro operacional líquido da empresa. Para isso, é necessário seguir esta fórmula:

Receita líquida – custo das mercadorias comercializadas – despesas operacionais (despesas com vendas, gerais e administrativas) – despesas financeiras líquidas = lucro operacional líquido

Com este valor, podemos calcular o EBIT seguindo esta fórmula:

EBIT = lucro operacional + tributos sobre o lucro (IRPJ e CSLL) + das despesas financeiras líquidas das receitas financeiras

Para chegar ao EBITDA, basta somar ao EBIT os valores de depreciação e amortização, que estavam englobados no cálculo de custo e das despesas operacionais. Dessa forma, para calcular o EBITDA, é necessário seguir essa fórmula:

EBITDA = EBIT + depreciação + amortização

Simples, não é? Porém, para garantir que os índices realmente demonstrem a situação econômica da empresa, é importante ter dados seguros sobre as receitas e despesas do negócio como base para os cálculos. Para isso, é fundamental ter controle sobre os dados do DRE.

Em uma próxima publicação falaremos um pouco mais sobre DRE. Agora você tem mais um indicador para auxiliar em suas análises e contribuir nas tomadas de decisão como investidor.

  1. EBIT
  2. EBITDA
  3. DRE